Criatividade no direito: um soft skill para explorar

Existe espaço para a criatividade no Direito? Como um contexto tão cheio de peculiaridades e definições tão precisas como a área jurídica pode se beneficiar da criatividade?

A resposta para a primeira pergunta é um sonoro “SIM!”. Já a da segunda, vamos comentar ao longo do conteúdo, que é uma parceria entre Estúdio Lúmina e Escolaw.

Acompanhe o artigo para compreender um pouquinho mais sobre criatividade e saber como aplicá-la na sua atuação no direito.

Afinal, o que é criatividade?

Para explicar brevemente a questão, nada mais justo do que comentar um pouco sobre o que a ciência fala sobre a criatividade.

O campo que estuda cientificamente a criatividade é a psicologia, pois trata de algo que acontece no limiar entre os processos do pensamento e a execução prática de algo novo.

Como são diversos os estudos e linhas de pesquisa que analisam a criatividade, não se tem um consenso sobre a definição desse conceito, pois depende muito do ponto de vista pelo qual se analisa.

Mas em linhas gerais, podemos compreender a criatividade como a habilidade humana voltada para a busca do “novo”. Essa habilidade pode ser desenvolvida por meio da prática, mas também sofre influências do meio social em que se insere.

Como não caberia uma discussão mais aprofundada sobre isso neste artigo, vou deixar a dica de que existem diversos livros sobre criatividade que podem ajudar a dar uma luz sobre o assunto.

Quebrando mitos sobre criatividade

No InsPiradas Podcast, nossa missão é mostrar que a criatividade está em todo lugar. 

Em cada episódio, minha sócia e eu conversamos com pessoas de diversas áreas, trazendo insights para potencializar a criatividade de quem acompanha o programa.

Um dos tópicos que mais gostamos de discutir são os mitos que existem em torno da criatividade e das áreas de atuação que exploramos.

Existe uma visão generalizada por parte da sociedade que dita que a criatividade é uma habilidade exclusiva daqueles que atuam com artes, música, economia criativa, entretenimento e áreas afins.

Além disso, por conta de discursos construídos ao longo do tempo, existe uma percepção de que a criatividade é um “dom sobrenatural”, algo reservado para poucas pessoas “fora da curva”. Ou seja, não é para todo mundo.

Essas e outras percepções equivocadas sobre a criatividade nos fazem pensar que ela só se aplica a alguns ambientes e para determinadas pessoas. Mas na prática, vemos que acontece de um jeito bem diferente.

A criatividade não é uma “iluminação divina” que recai sobre poucos escolhidos; é fruto do trabalho, esforço e perseverança daqueles que escolhem criar. Ao invés de restrita às artes, está presente em qualquer ambiente que pretenda inovar.

Por isso, o papel da criatividade no Direito tem grande importância, como veremos a seguir.

Criatividade no Direito

Você pode estar se perguntando: “Mas o que eu, profissional da área jurídica, tenho a ver com criatividade?”. É aqui que nosso papo fica mais interessante.

Por ser um campo que faz parte das bases de uma sociedade, o Direito é em si uma área de atuação com caráter mais tradicional.

Contudo, o mundo está em constante evolução e as profissões que não acompanharem essa evolução, serão fatalmente atropeladas por ela.

E quando falamos em evolução, não se trata apenas de se adaptar a novas tecnologias, mas também de pensar em soluções mais adequadas para problemas sociais que novas soluções na área jurídica podem promover.

Um exemplo interessante sobre isso é o caso da forma como as penas têm sido aplicadas para crimes que podem se enquadrar no chamado “princípio da insignificância”, aqueles que não causam grande afetação do bem jurídico.

Muitas pessoas que cometem crimes caracterizados dessa forma acabam inseridas no sistema carcerário, o que pode se tornar uma punição desproporcional.

A ideia não é deixar de punir quem comete crimes, mas que sejam geradas novas possibilidades de aplicar restrições e penas mais equilibradas, que é (ou deveria ser) a essência da justiça.

Em entrevista ao podcast Café da manhã, o professor de direito penal da USP Pierpaolo Bottini comenta “se não tivermos criatividade para pensar em alternativas para resolver esse problema, a nossa situação vai ficar muito complicada no país.”

O caminho para a criatividade no direito

É possível aprimorar soluções quando se tem conhecimento aprofundado sobre a teoria e a prática.

Observando casos de perto, podemos dizer que só é possível quebrar aqueles paradigmas que conhecemos à fundo, sabendo todas as suas possibilidades, brechas e forças.

A criação de soluções melhores será fruto desse esforço em explorar o que já existe, modelando possibilidades que permitam ir além.

Nesse sentido, você profissional da área jurídica, seja qual for a sua atuação, lembre-se: invista ao máximo em sua formação.

Nunca pare de estudar. Esse é um caminho promissor para criar cada vez mais e melhor, em todas as áreas.

Mini biografia

Isadora Tonet é empreendedora, professora e pesquisadora. É co-fundadora do Estúdio Lúmina, onde atua como designer, consultora de marketing e co-apresentadora do InsPiradas Podcast. É bacharel em Design (UTFPR), especialista em Marketing (UFPR) e mestre em Administração, na linha de pesquisa de Estratégias de Marketing e Comportamento do Consumidor (UFPR). Hoje pesquisa sobre criatividade, buscando entender todas as facetas desse conceito. É professora de marketing e gestão, ministrando as disciplinas em nível superior e pós-graduação nas áreas de Inovação, Marketing, Planejamento e Gestão. Ministra palestras, cursos e workshops sobre Design Thinking, Criatividade e Inovação.