História da Arte: de construção da identidade a mitos da criatividade

Como a criatividade está presente na história da arte?

Parece um tanto óbvio que a criatividade esteja presente neste tema, entretanto, muitos mitos ganharam espaço e atrelaram aos criativos um perfil ora romantizado ora marginalizado.

Hoje eu vou contar um pouco do que conversamos no episódio 19 do Inspiradas Podcast e como a criatividade é mais do que um dom divino ou um tipo de comportamento dentro da história da arte.

Também proponho algumas dicas baseadas nos insights dessa conversa tão gostosa com o professor e arquiteto Gabriel Ruiz.

Vamos nessa?

O que é História da Arte?

A história da arte não retrata apenas quadros e esculturas famosas, mas segundo nosso convidado, é uma forma de estudar arte.

Portanto, podemos entender que a história da arte é um dos jeitos de explicar os movimentos artísticos e como eles se comportam, podendo até legitimar ações vigentes no mundo contemporâneo.

Também passamos por alguns questionamentos sobre a história da arte e a construção da cultura e identidade. Veja alguns pontos a seguir.

Arte contemporânea x Arte bárbara

É engraçado pensar que o que é arte contemporânea hoje, no futuro pode ser um movimento artístico. 

Por exemplo, o movimento gótico: na época, era uma forma de denominar um movimento considerado bárbaro. Ser gótico não era algo pensado, mas se tornou um grupo de criações com características específicas. 

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Conan: o Bárbaro

Assim, é possível que a história da arte seja representada por períodos, com base em tipos de povos, contextos históricos, dentre outros fatores que influenciam comportamentos e movimentos.

Estudo da História da Arte

Geralmente, a história da arte é estudada com base na área que o estudante está inserido.

Por exemplo, se eu estudo Música, os meus estudos de história da arte ficam mais direcionados a esse setor. Enquanto que para quem estuda Design ficam mais voltados para as artes gráficas e assim por diante.

Arte ocidental x Arte oriental

Obviamente, existem diferenças entre a história da arte entre as diversas regiões do mundo. Nós aqui no continente americano temos maior influência da arte ocidental por conta da nossa colonização. 

Dessa forma, algumas culturas têm influência mais direta na nossa, mas não significa que outras não tenham relevância. Como Gabriel mesmo comentou: “O desafio está em não hierarquizar.”

Todas têm sua relevância e trazem base para as gerações posteriores. O que muda é o nível da influência.

Mas afinal, o que é arte?

Muito se discute sobre o que é arte ou não. 

Mas deve-se considerar que a arte está relacionada tanto com a bagagem pessoal do artista como a bagagem do observador e o contexto histórico a que estão inseridos. 

Isso porque vários fatores trazem conclusões diferentes em torno da mesma coisa, inclusive a percepção individual de cada um.

Um exemplo que o Gabriel traz é a arte de Marcel Duchamp, que confrontou uma exposição de arte de sua época que dizia aceitar qualquer coisa como arte. Logo, ele enviou um mictório. 

Sua ideia era contestar a abordagem do “tudo é arte”, assim como os horrores da guerra que assolava a Europa, negando a cultura da época. Com isso, deu origem ao movimento artístico do Dadaísmo, que vinha contestar os valores culturais difundidos na época.

Com isso levanta-se um questionamento: A arte que eu não entendo, será que é Arte de verdade?

Logo, podemos considerar que a arte não é só representação da realidade, é um novo papel, uma nova função na perspectiva do artista e do observador. Afinal:

“Lentes diferentes levam a olhares diferentes trazendo percepções diferentes.”

(Gabriel Ruiz)

Criatividade e a História da Arte

Inicialmente eu comentei que parece evidente que a Criatividade esteja presente dentro da História da Arte. O que não exime a existência de mitos e grandes jornadas em busca da arte ideal.

Por muito tempo, a Arte foi conectada com pessoas que “aparentemente” não queriam nada da vida, ou só pretendiam viver na boemia. Mas tudo isso é um grande mito.

Ser desprendido não isentava os artistas de todo um esforço e trabalho no estudo de como chegar a produções próximas da perfeição.

E com a Criatividade não é diferente.

Muitas vezes, o perfil atrelado a criativos é tratado de forma estereotipada, em que se pensa em pessoas mais coloridas ou avoadas, entre outras.

Você se considera um estudante criativo? - Blog do Stoodi
Estereótipos criativos

Mas em nossa conversa, pudemos concluir um ponto interessante de desmistificação desses estereótipos: muitas vezes, a mudança de percepção proposta pelos artistas confronta os movimentos atuais para criar novas formas de expressão. 

Outro ponto é que várias das inovações aconteceram devido às necessidades do artista na hora de vender suas obras e para alcançar o público. Tudo isso se deu devido a demandas reais com restrições reais, surgindo a necessidade de encontrar uma resposta para isso.

Leia também: “Criatividade é a inteligência se divertindo”

Dicas para desenvolver o processo criativo

Bom, após vários debates e insights que conectam a criatividade e a história da arte, consegui pensar em algumas dicas para que todos nós possamos desenvolver nossos processos criativos. Vejamos:

Tenha hábitos que impulsionam a criatividade

Às vezes criar leva tempo e demanda muito suor e lágrimas (hehe), por isso coloque em sua rotina atividades que aliviem sua mente e que permitam seu cérebro relaxar e criar com maior fluidez. 

Ande de bicicleta, lava uma louça, faça um tricô, tome um banho mais demorado… Enfim, são várias as alternativas que por serem mais mecânicas, podem trazer um momento de relaxamento. De forma que seu cérebro tenha um ócio positivo que impulsiona a criatividade.

Não se prenda a padrões

É possível inovar quando se questiona os padrões vigentes em cada época.

Analisar o que é delimitado como um modelo a ser seguido pode abrir portas para criar coisas diferentes, buscar o lúdico e chegar a ideias novas.

Assuma os riscos

Uma das dicas citadas no episódio pela nossa co-host Isadora é: assuma os riscos! 

Não tenha medo de expor suas ideias e suas criações pensando em como elas podem ser interpretadas. Isso faz parte do processo criativo e torna seu terreno de processos mais fértil para a expansão da criatividade em você.

Afinal, a maioria dos artistas foram esculhambados e seus movimentos artísticos se tornaram até pejorativos, mas não deixaram de trazer inovação e grandes obras artísticas.

Estude várias metodologias diferentes

Não é porque eu falei pra você quebrar os padrões que você vai sair ignorando as metodologias e literaturas que abordam a criatividade e como ter um processo criativo.

Quanto mais você ler e ampliar suas referências, maiores as chances de criar um processo criativo que funcione melhor pra você. Desenvolvendo até novas práticas que possam ser difundidas.

E pronto, esses são os insights do episódio 19 História da Arte e Criatividade. Ouça e traga mais questionamentos e insights para nós, vamos adorar!