Mulheres Criativas #2: Manoush Zomorodi

Gente linda, cá estamos nós de novo continuando a criar o nosso acervo de histórias sobre Mulheres Criativas! Esse é o segundo post da nossa série e você pode conferir todos os posts da série aqui. Estamos no começo desse projeto e se você tiver na manga alguma história que pode fazer parte, deixe ali embaixo, nos comentários. 
Hoje vamos falar sobre a incrível Manoush Zomorodi (parênteses para avisar que não sei pronunciar o nome dela) e como ela descobriu que podemos potencializar a nossa criatividade através do tédio. Do tédio? É isso mesmo, produção?

Criatividade e tédio

É isso mesmo! Conheci o trabalho da Manoush pelo TED Talks dela: ”Como o tédio pode te levar às suas ideias mais brilhantes”, que foi ao ar em 2018. 

Na palestra, ela descreve como todo o tempo livre que a nossa cabeça tinha para pensar foi sendo substituído pela atividade de conferir notificações e dar baixa em tarefas pelo smartphone, que está sempre à mão. Ou seja, se temos qualquer chance de ficar entediado, já recorremos para o celular. 

Mas como ela decidiu estudar isso? Em 2007, Manoush se tornou mãe. Por isso, teve que se adaptar a uma nova rotina, bem diferente do que estava habituada no seu trabalho como jornalista. A exaustão e o tédio estavam sempre presentes, mas junto com eles, muitos pensamentos vagando em sua cabeça.

Quando percebeu que seu filho estava em uma fase mais tranquila, comprou o seu primeiro smartphone. Isso a ajudou a conciliar a rotina de mãe e do trabalho, mas também trouxe alguns percalços: as constantes notificações foram tomando todo tempo livre que ela tinha para pensar. O tédio foi sendo substituído por joguinhos e atualizações de tarefas. Foi nesse cenário que ela notou que estava com dificuldade de ter novas ideias. 

Aí a pergunta que Manoush se fez foi: será que essa falta de tédio traz algum problema pra gente? Ou melhorando a pergunta: qual é o papel do tédio na nossa forma de pensar?

Entendendo o tédio

Conversando com neurocientistas e psicólogos cognitivos, Manoush entendeu a importância de se permitir ficar entediado. Vou tentar explicar em linhas gerais.

Basicamente, quando estamos entediados, nosso cérebro entra em modo “default”. Isso acontece quando nos engajamos em alguma atividade repetitiva que não existe muito pensamento e geralmente nos deixa com tédio, tipo lavar a louça. 

Só que é nesse momento que o cérebro trabalha bastante, pois é quando começamos a sonhar acordado. O pensamento vai além e esbarra no subconsciente, criando novas conexões. Ou seja, se a gente ficar o tempo todo tentando evitar o tédio, não damos espaço às novas ideias. 

Além disso, o acúmulo de informações e tarefas diferentes a cada minutos demanda do nosso cérebro um esforço além do normal para poder dar conta de prestar atenção em tudo. 

Entediados e brilhantes

Manoush não é contra o uso de smartphones, até porque ela mesma tem o seu e utiliza a trabalho e na vida cotidiana. O que ela defende é a necessidade entender o papel dos recursos que temos ao nosso dispor e descobrir novas formas de usá-los a nosso favor. 

Para ajudar mais e mais pessoas a melhorar sua relação com a tecnologia, ela criou o projeto “Entediados e Brilhantes: a arte perdida de dar espaço”. A ideia foi incentivar pessoas a melhorarem o relacionamento com seus smartphones, voltando a dar espaço para a mente divagar no tédio. 

O primeiro passo do projeto foi incentivar a conscientização de dependência do aparelho. Depois, começa a fase de combater o uso excessivo com pequenas ações, como excluir os aplicativos que mais tomam o tempo e regular a checagem de notificações.

Os resultados foram surpreendentes, começando pelo número de pessoas que aderiram. A expectativa de Manoush era alcançar cerca de 200 candidatos ao desafio. O projeto impactou mais de 20.000 pessoas nos 50 estados dos EUA e em outros 11 países em uma semana. Dessa galera, 90% conseguiu diminuir o tempo médio de uso e 70% sentiram uma melhora no seu potencial criativo.

Escolhemos a Manoush hoje porque ela não só buscou uma forma de potencializar a sua própria criatividade para dar conta de viver nesse mundo caótico, mas criou uma forma de nos ajudar a fazer o mesmo! Obrigada, Manu! (Manu é mais fácil, espero que ela não se importe de eu chamá-la assim).

E aí, tá curtindo nossa série sobre Mulheres Criativas? Conta pra gente, quem você quer ver aqui! Pode ser aquela sua amiga que tá arrasando na empresa nova ou a sua tia que criou um projeto massa e ajudou um monte de gente. Pode ser você, inclusive!