Jogos de tabuleiro: um universo de criação e inovação

Que a vida é um jogo a gente pode até pensar que sim. Mas indiferente a isso, com certeza os jogos de tabuleiro podem estimular nossa criatividade e ser parte das nossas rotinas através da gamificação.

Hoje vou te contar um pouco sobre os insights e as curiosidades que conversamos no episódio 17 do nosso Inspiradas Podcast.

Vem junto comigo?

Jogos de tabuleiro e a relação com o ser humano

Bom, pra entender mais sobre como a criatividade está presente no desenvolvimento e no uso dos jogos de tabuleiro, nosso convidado contou um pouco da história de como tudo começou.

E, basicamente, o que se sabe é que os povos antigos, mesmo sem tecnologias avançadas e qualquer tipo de comunicação entre si, desenvolveram jogos por um grande motivo em comum:

“O ser humano é um ser jogador, ele gosta de competir.” 

(Anderson Butilheiro)

Assim, vários jogos foram criados tanto para o lazer e competição, como para traçar estratégias de guerra, por exemplo. 

Tipos de jogos de tabuleiro

Segundo o Anderson, a divisão mais aceita atualmente relacionada a alguns estudos divide os jogos de tabuleiro em:

Jogos abstratos

Nessa linha entram tanto os jogos da antiguidade como os jogos atuais. O que constitui esse tipo de jogo é que a proposta tem foco na mecânica e estratégia dos jogadores.

Constam neste segmento os jogos sem tema ou tema mínimo, onde as informações são abertas e são disponibilizadas para todos os jogadores. Como por exemplo o Xadrez, o Go (jogo com grande popularidade no Oriente) e jogos mais atuais como o Azul, Patchwork e o HIVE.

Jogos de cartas

São os que essencialmente envolvem cartas, porém não se resume apenas ao baralho comum. Existem diversas categorias que vão de jogos simples a complexos.

Nessa categoria se encontram jogos mais tradicionais como pôquer até jogos colecionáveis como o Magic The Gathering até jogos baseados em Pokémon e Yu-Gi-Oh.

Aqui o cenário é mais competitivo e engloba jogos de cartas que são super valorizadas por serem raras, até os card games mais simples e baratos como o nosso queridinho causador de muitas brigas, o UNO.

Jogos familiares

Talvez essa seja a categoria mais conhecida, afinal podem ser jogados tanto por adultos como por crianças. O fator predominante aqui é a sorte, o que acaba nivelando melhor jogadores de idades diferentes. 

Possuem grande apelo visual e por vezes prezam menos a estratégia e mais a diversão. 

Esses jogos são aqueles que a maioria de nós tivemos contato na infância, como o Detetive, Banco Imobiliário, Jogo da Vida, entre outros.

Os jogos mais recentes que se enquadram nessa categoria são o Catan, Ticket to Ride, Wingspan e 7 Wonders em que são exigidos um nível maior de estratégia do que os considerados jogos de massa (aqueles vendidos em qualquer loja de brinquedos). 

Foi a partir de jogos como estes que se chegou ao Catan em 1995 e um novo gênero começou a ser definido, chegando nos jogos de hobby ou jogos modernos. Onde há maior controle do fator sorte, o número de rodadas podem ser delimitadas e as partidas podem se tornar mais curtas e objetivas.

Jogos estratégicos

Também conhecidos pela expressão “euro games”, surgiram inicialmente na Alemanha e posteriormente ganharam força no resto da Europa.

A sua origem é em parte relacionada ao fato de que os alemães evitavam jogos com tema de guerra e confronto direto entre jogadores por estarem vivendo no período pós guerra. Dessa forma, buscavam jogos mais abstratos e modernos com peças e tabuleiros coloridos e mais elaborados.

A criação desses jogos foi  um dos momentos onde a indústria criativa ganhou espaço. Isso porque ilustradores e designers puderam agregar suas habilidades no desenvolvimento de jogos, chegando até ter a autoria discriminada na capa dos jogos. 

Como exemplos, podemos citar os jogos: Agricola, Brass, Terra Mystica e mais recentemente Terraforming Mars e Great Western Trail.

Jogos temáticos

Mais voltados à estratégia e focados em tema e imersão narrativa, esses jogos surgiram de uma escola do pós-guerra. Tem como grande influência o período da Guerra Fria, temas de ficção científica e fantasia e bases temáticas de filmes, séries e livros. 

Aqui a estética visual é mais elaborada com o uso de miniaturas de plástico que auxiliam na construção do tema. 

Alguns exemplos são o Twilight Imperium,  Battlestar Galactica (baseado na série de mesmo nome) e War of the Ring (baseado em O Senhor dos Anéis). 

Curiosidades sobre os jogos

Cada época concentra diferenciais ligados ao tipo de interação e modo de jogar. Entretanto alguns tipos de jogos influenciam uma geração. 

Uma curiosidade interessante é que o Catan é considerado o “pai” dos jogos modernos. Isso porque é um jogo onde o elemento sorte tem menos influência do que a estratégia.

Catan, o jogo. Fonte: Ludopedia.com.br

Inclusive foi mais recentemente no século XX que surgiram mais jogos educativos que se utilizam de disciplinas escolares como meio de aprendizado e diversão.

Quando o jogo mudou

Um elemento chave para a evolução dos jogos de tabuleiro foi quando o Capitalismo foi utilizado como base para a criação de um jogo. Você sabe qual é?

Isso mesmo, o tão famoso e muito jogado Monopoly, ou Banco imobiliário para nós brasileiros.

Monopoly. Fonte: Ludopedia.com.br

A ideia de usar o capitalismo em um jogo foi a de ensinar como o sistema funciona utilizando a interação entre os jogadores.

E esse foi um dos momentos em que o jogo virou, já que abriu oportunidades para se usar um jeito divertido e mais cativante de ensinar.

Jogos de tabuleiro, criação e inovação

Bom, agora que já deu pra ter uma noção de como os jogos chegaram até a nossa realidade, como é que a gente junta com a criatividade?

Veja, a criatividade está no nosso dia a dia e faz parte de diversas realidades da nossa vida. 

Seja no trabalho ou na hora de educar os filhos, seja na hora de aprender um novo conteúdo ou desenvolver algo inovador.

Então, porque não utilizar os jogos como base criativa para traçar estratégias em nossas atividades diárias? Vamos ver alguns exemplos de como aplicar isso na prática.

O que é gamificação

Gamification ou gamificação tem por conceito aplicar estratégias desenvolvidas em jogos em atividades rotineiras com a ideia de gerar maior engajamento dos envolvidos.

Baseada no Game Thinking, a gamificação une estratégias dos jogos com conhecimentos empresariais e design.

Assim, com os elementos estratégicos dos jogos, a gamificação permite utilizar probabilidades, simulações, sistemas de recompensas, entre outras coisas que influenciam na solução de problemas.

Desenvolvimento de jogos

Você pode estar pensando agora “tá Andréia, tudo muito bom, mas onde que está a criatividade nos jogos?”

Pois bem, ela está do começo ao fim. SIM! Para criar um jogo é preciso pensar em tema, mecânica das partidas, histórias, ações diante de cada jogada, quais serão as recompensas ou perdas, entre outros inúmeros detalhes.

Além disso, você já parou pra pensar como é escrever um manual de instrução de um jogo? Como fazer com que qualquer pessoa entenda como jogar de modo mais acessível possível?

É minha gente, criar um jogo não é para amadores.

E melhor ainda é saber que os jogos também trazem possibilidades que envolvem até a saúde e o desenvolvimento do ser humano.

Desenvolvimento cognitivo

Os jogos abrem caminhos para a inovação e orientam os indivíduos a buscar soluções mais estratégicas que podem facilitar e melhorar a vida das pessoas.

“O jogo é um grande motivador e através dele se obtém prazer e mobiliza esquemas mentais que estimulam o pensamento, a ordenação de tempo e espaço favorecendo a aquisição de condutas cognitivas e o desenvolvimento de habilidades como coordenação, destreza, rapidez, concentração, etc.” 

(Fonte: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COM REGRAS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL, Cleine Cristine de Oliveira Silva)

Assim, os jogos são muito utilizados para frear doenças como demência e alzheimer, por exemplo. Jogando, os pacientes com esse diagnóstico tem uma forma de estimular o raciocínio e suas habilidades motoras, além de manter um vínculo de interação com outras pessoas.

Outro ponto de inovação é utilizar os jogos como estratégia para o aprendizado. Isso porque possibilita o desenvolvimento da autoconfiança como, Cleine cita:

“O jogo utilizado enquanto estratégia de ensino permite que a criança desenvolva a sua autoconfiança e se ajuste ao grupo em que está inserida, ajudando-a a consolidar estruturas prévias e a criar novas estruturas de pensamento, necessárias à estruturação mental na formação da inteligência.”

Então porque não inovar criando novas formas de desenvolvimento humano?

Jogos de tabuleiro e criatividade: conclusão

Jogar é parte da vida e com os insights que tivemos no Episódio 17 do InsPiradas Podcast, descobrimos que podemos ir muito além da simples diversão.

Com os jogos, podemos criar relacionamentos mais fortes, aprimorar nossas habilidades e resolver melhor os nossos problemas.

Seja na hora de jogar ou de criar um jogo, a criatividade estará presente. Afinal, como sempre dizemos: ela está em todo lugar!